PRIMEIRAS IMPRESSÕES: WARBRINGER - Wrath and Ruin (2025)
Por Daniel Aghehost
Publicado em 16/04/2025 11:20 • Atualizado 16/04/2025 11:22
Resenhas

WARBRINGER  - Wrath and Ruin

(Napalm Records)

 

 

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

O novo álbum do WARBRINGER, "Wrath and Ruin", representa um marco significativo na trajetória da banda californiana. Após cinco anos de hiato, o grupo retorna com um trabalho maduro e bem elaborado, demonstrando um domínio absoluto sobre seu ofício e uma abordagem que transcende os clichês presentes neste atual revival do thrash metal. Ao longo das oito faixas que compõem o disco, a banda equilibra agressividade, melodia e variações rítmicas de maneira envolvente, resultando em uma obra coesa e poderosa.

Desde os primeiros segundos de "The Sword and the Cross", fica evidente que a banda não veio para brincar. A introdução, que combina um interessante fraseado de guitarra com uma melodia épica, logo dá lugar a um riff cortante e uma seção rítmica precisa. A produção cristalina realça cada detalhe da execução meticulosa da banda, garantindo que as transições entre passagens rápidas e grooves mais cadenciados tenham um impacto devastador. O refrão é impulsionado por pedais duplos e um jogo de guitarras envolvente, culminando em um solo melódico e técnico, que prepara o terreno para um final explosivo.

Em "A Better World", a influência do death metal melódico se faz presente, evocando comparações com DARK TRANQUILLITY e IN FLAMES, por exemplo. O riff inicial é afiado e direto, enquanto a bateria alterna entre passagens rápidas e seções cadenciadas que acentuam a brutalidade da composição. O solo equilibra melodia e agressividade com maestria. A canção se desenrola de forma avassaladora, consolidando-se como um dos momentos mais ferozes do disco.

"Neuromancer" destaca-se pelo groove intenso e uma introdução marcada pelo baixo pulsante, cujo timbre encorpado contribui para a construção de uma atmosfera densa e ameaçadora. O andamento cadenciado e o peso da execução remetem ao death metal da velha escola. A transição para o solo é fluida, com a banda exibindo seu virtuosismo sem cair na armadilha da autoindulgência. A precisão da produção realça cada nuance da performance, tornando esta uma faixa irresistível para o público dos shows ao vivo.

"The Jackhammer" é um verdadeiro ataque sonoro, fiel ao seu nome. Desde o primeiro instante, a música avança como uma marreta descontrolada, sem espaço para respiros. A mudança de tempo no refrão adiciona dinâmica à faixa, preparando o terreno para um breakdown intenso e propício para a destruição nos mosh pits. Destaque também para o solo, que, carregado de feeling, confere à música um caráter feroz e instintivo. Aliás, os guitarristas Adam Carroll e Chase Becker elevam o patamar da sonoridade característica das guitarras no thrash metal.

"Through a Glass, Darkly" oferece um respiro estratégico no meio do álbum. A introdução limpa e as harmonias vocais de John Kevill adicionam um tom sombrio e introspectivo antes da explosão de peso que se segue. A faixa trabalha com um groove arrastado e camadas atmosféricas de guitarra, demonstrando a capacidade da banda de explorar diferentes texturas dentro do thrash. O solo de Chase Becker brilha aqui, exibindo um controle impressionante de dinâmica e escolha de notas. O encerramento, com vocais torturados e acordes sustentados, reforça a densidade emocional da composição."Strike from the Sky" retoma a fúria absoluta. A influência do thrash alemão é evidente, com riffs cortantes e uma execução implacável que remete aos baluartes do estilo. A música apresenta uma das performances vocais mais intensas de John Kevill, que alterna entre gritos rasgados e vocais mais cavernosos. O solo é frenético e desemboca em uma seção de gang vocals que convida o ouvinte a se juntar ao caos. A energia é contagiante, tornando essa uma das faixas mais vibrantes do álbum.

"Cage of Air" surpreende ao incorporar elementos mais extremos em sua estrutura. A introdução vocalizada e os acordes limpos remetem ao início dos clássicos do thrash dos anos 80, mas rapidamente evoluem para uma sequência de riffs cortantes e blast beats. A melodia carregada nas guitarras sugere influências do metal sueco, enquanto a progressão da música explora diferentes dinâmicas, incluindo uma inesperada seção acústica no meio da faixa. A construção cuidadosa dessa composição a torna uma das mais ricas da carreira da banda.

Encerrando o disco, "The Last of My Kind" começa de forma inusitada com uma introdução ao piano, antes de se transformar em uma avalanche sonora. A combinação de blast beats (o trabalho de Carlos Cruz neste disco é impressionante!!) e melodias épicas confere à faixa um tom grandioso e catártico. A estrutura variada da música mantém o ouvinte envolvido, alternando entre momentos de pura fúria e seções melódicas arrebatadoras. O solo, carregado de influências neoclássicas, reforça a ambição dessa composição. O final, com guitarras limpas e orquestrações discretas, encerra "Wrath and Ruin" com uma sensação de grandeza e conclusão épica.

 

 

VEREDITO

No geral, "Wrath and Ruin" reforça o amadurecimento da WARBRINGER, consolidando-os como uma força incontestável dentro do thrash metal moderno.

O álbum equilibra técnica e brutalidade, incorporando influências diversas sem perder sua identidade. As letras, desta vez menos focadas em temas de guerra e mais voltadas para reflexões sobre tecnologia e poder, acrescentam uma camada extra de relevância e profundidade ao trabalho.

A banda aqui prova que evoluir dentro do thrash não significa abdicar da ferocidade, e "Wrath and Ruin" é um testemunho poderoso desse equilíbrio.

Um álbum essencial para fãs do gênero e uma demonstração magistral de como o thrash metal pode continuar relevante e empolgante.

 

 

7.8/10

 

(Daniel Aghehost)

 

 

TRACK LIST

1. The Sword and the Cross

2. A Better World

3. Neuromancer

4. The Jackhammer

5. Through a Glass, Darkly

6. Strike from the Sky

7. Cage of Air

8. The Last of My Kind

 

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